sábado, 18 de julho de 2015

Antero de Quental - Transcendentalismo

Segue um poema de Antero de Quental:

TRANSCENDENTALISMO

(A P. J.Oliveira Martins)

Já sossega, depois de tanta luta,
Já me descansa em paz o coração.
Caí na conta, enfim, d quanto é vão
O bem que ao Mundo e à Sorte se disputa.

Penetrando, com fronte não enxuta,
No sacrário do templo da Ilusão,
Só encontrei com dor e confusão,
Trevas e pó, uma matéria bruta...

Não é no vasto mundo -- por imenso
Que ele pareça à nossa mocidade --
Que a alma sacia o desejo intenso...

Na esfera do invisível, do intangível,
Sobre desertos, vácuo, soledade,
Voa e paira o espírito impassível !

(Antero de Quental)



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