quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Olavo Bilac - Dualismo

Leitores, segue um poema de Olavo Bilac (1865-1918), o "Príncipe dos Poetas Brasileiros" que, com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia compôs a "Trindade Parnasiana". Habilidoso por conciliar virtuosismo formal e o domínio da técnica parnasiana com uma vocação romântica.


DUALISMO


Não és bom, nem és mau; és triste e humano...
Vives ansiando, em maldições e preces,
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano.

Pobre, no bem como no mal padeces;
E, rolando num vórtice vesano,
Oscilas, entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.

Capaz de horrores e de ações sublimes,
Não ficas das virtudes satisfeito,
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:

E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito
Um demônio que ruge e um deus que chora.

(Olavo Bilac)



Nenhum comentário:

Postar um comentário